9 de junho de 2010

16/4/2010 – O poder nas mãos delas

Somente homens entendem a arte de governar? Esse preconceito foi contrariado há séculos por Elisabeth I e Catarina, a Grande, entre tantas outras governantes.

Por Mathias Mesenhöller

Somente homens entendem a arte de governar? Esse preconceito foi contrariado há séculos por Elisabeth I e Catarina, a Grande, entre tantas outras governantes. Foi justamente a Democracia que baniu as mulheres do Poder. Mas desde os tempos de Margaret Thatcher elas estão voltando. Jamais houve tantas governantes como hoje. Elas se baseiam em outra tradição administrativa?

O avião de caça se aproxima zunindo, em voo rasante sobre a água. O barulho ensurdecedor é tremendamente violento, um pipocar que elimina todos os outros ruídos e penetra na cabeça como uma dor aguda. Os homens na fragata tampam seus ouvidos com as mãos. A mulher não.

Nem quando um segundo “Tornado” passa, e depois um terceiro e mais um quarto. Quatro vezes ela se expõe à dor, quatro vezes tenta sorrir bravamente. Por nada nesse mundo ela quer dar aos fotógrafos a chance de tirar essa foto. Angela Merkel está em visita à Marinha da Alemanha.
Ela conhece a força simbólica das imagens. “A chanceler alemã não escuta, vira as costas. Ela é fraca.” Mas quem fica sorrindo ao lado de um oficial, que se protege da barulheira, é forte. É um líder. É o chefe.
Grande parte do Poder é encenação. Poderoso é quem irradia poder. E cada vez mais fotos mostram mulheres que fazem precisamente isso: irradiar Poder. Já é o bastante para alimentar o falatório de uma “revolução feminista”.

Mais de 80 mulheres foram eleitas chefes de Estado ou de governo desde 1945, mais de 90% delas somente após 1979. Na verdade, a maioria chegou ao Poder nos anos de 1990. Junte-se a isso todas as ministras, que há muito não são mais titulares apenas das clássicas áreas femininas.

Estamos em meio a uma mudança de caráter épico. Nunca antes tantas mulheres mandaram simultaneamente. Pela primeira vez, e de modo crescente, a pretensão feminina diante do Poder encontra, em grande parte do mundo, franco acolhimento. E quase não provoca mais aquela sensação desagradável que a acompanhou em quase todos os períodos históricos. Ao contrário, vez por outra, o que ela suscita são grandes esperanças.

Ironicamente, tais expectativas positivas se fundamentam em um argumento que durante muito tempo serviu para afastar as mulheres da atividade política: o de que elas têm uma constituição radicalmente diferente da dos homens. Elas são mais sociáveis, moralistas e empáticas. E, justamente por causa disso, inadequadas para o negócio braquial do Poder.
Essa afirmação foi inventada por volta de 1800 e, até hoje, alguns biólogos e pesquisadores comportamentais tentam prová-la. Por exemplo, com indicações de que um sistema hormonal médio feminino recompensa a cooperação, enquanto um masculino premia a competição. Ou com alegações discriminatórias de que crianças pequenas já se comportam especificamente de acordo com o gênero. Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus, resume sem floreios o título de um best-seller: eles organizam a guerra, elas o piquenique da escola.

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